O governo brasileiro deu sinal verde para a reintrodução do horário de verão, uma medida abandonada em 2019, com o objetivo de reduzir o consumo de energia em meio à grave crise hídrica que afeta o país. A decisão, que visa otimizar o uso da luz natural, acontece em resposta aos baixos níveis nos reservatórios hidrelétricos, que estão abaixo de 50% de sua capacidade nas regiões sudeste e centro-oeste, principais produtoras de energia hidrelétrica.
A recomendação partiu do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que alertou para a urgência de aliviar a pressão sobre a rede elétrica durante os horários de pico, especialmente no final do dia, quando a produção de energia solar diminui. O horário de verão, ao adiantar o relógio em uma hora, pretende reduzir a demanda de eletricidade, permitindo melhor gerenciamento das necessidades energéticas do país sem recorrer a soluções emergenciais caras, como o uso de usinas termelétricas ou a importação de energia.
O Brasil, que ainda depende significativamente da energia hidrelétrica, enfrenta dificuldades para suprir a demanda crescente por eletricidade em meio à queda na produção das represas. Embora o país tenha investido em fontes renováveis, como energia solar e eólica, esses recursos ainda não conseguem compensar plenamente o déficit causado pela seca prolongada.
Com a restauração do horário de verão, as autoridades esperam reduzir o consumo de energia em momentos críticos, evitando custos adicionais para os consumidores e a necessidade de importar eletricidade de países vizinhos. Além disso, a medida pode limitar o uso de usinas termelétricas, uma solução emergencial mais cara e menos eficiente.
A medida, no entanto, divide opiniões entre diferentes setores da economia. De um lado, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) apoia o retorno do horário de verão, apontando que uma hora a mais de luz natural pode aumentar o fluxo de clientes entre 18h e 20h, gerando um incremento de até 10% nas receitas desses estabelecimentos. Por outro lado, as companhias aéreas têm expressado preocupações quanto aos custos adicionais e complicações logísticas que a mudança no horário trará para a operação de voos e a sincronização com parceiros internacionais.
Apesar da aprovação inicial das autoridades de energia, o retorno ao horário de verão ainda aguarda o aval final do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo estuda alternativas de longo prazo para mitigar a crise energética, como o fortalecimento da infraestrutura de fontes renováveis, enquanto o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pede uma análise mais detalhada da medida.
A reintrodução do horário de verão é vista como uma solução temporária para enfrentar os desafios imediatos da crise, mas reflete os problemas estruturais do setor energético brasileiro. A necessidade de diversificar a matriz energética e acelerar a transição para fontes renováveis torna-se cada vez mais evidente, especialmente diante das condições climáticas adversas que afetam diretamente a geração de eletricidade no país.
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