A crise energética provocada pela seca nas principais hidrelétricas brasileiras está forçando o país a recorrer ao gás natural liquefeito (GNL) como alternativa para garantir o abastecimento de eletricidade. Somente entre janeiro e agosto deste ano, o Brasil adquiriu 25 carregamentos de GNL, e a expectativa é que esse número possa dobrar até o final do verão, conforme as altas temperaturas afetam ainda mais a capacidade de geração hidrelétrica. O aumento da demanda coloca o Brasil entre os maiores compradores globais de GNL, com fluxos deste mês atingindo um patamar recorde.
As temperaturas elevadas reduziram drasticamente os níveis dos reservatórios, que tradicionalmente sustentam a produção de energia no país. A solução encontrada pelo governo foi aumentar a importação de GNL, um movimento que reflete a dependência crescente do Brasil em fontes de energia menos sustentáveis quando sua matriz hídrica não consegue suprir a demanda. Com o verão se aproximando, a tendência é que a situação piore, exigindo novas medidas emergenciais para evitar apagões em larga escala.
Enquanto o Brasil enfrenta desafios domésticos com sua crise energética, no cenário global a COP29, presidida pelo Azerbaijão, traz discussões sobre soluções para o armazenamento de energia e o financiamento climático. A meta ambiciosa da cúpula é alcançar 1.500 GW de capacidade de armazenamento de energia até 2030, um grande avanço em relação aos 85 GW de capacidade de armazenamento de bateria existentes até o final de 2023. O foco principal está na utilização de baterias e energia hidrelétrica bombeada, que, embora promissoras, demoram para ser implementadas.
Outro ponto de divergência na cúpula é o financiamento climático, com países em desenvolvimento pressionando por um novo mandato que exija US$ 1 trilhão por ano dos países desenvolvidos. Esse valor seria destinado a projetos de adaptação e mitigação climática em países vulneráveis. No entanto, os países desenvolvidos argumentam que a lista de nações classificadas como “desenvolvidas” deve ser revisada, levando a um impasse nas negociações.
A COP29 promete ser um marco na busca por soluções energéticas globais, mas o sucesso das metas dependerá da superação desses obstáculos políticos e financeiros.
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