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Expansão de hidrelétricas impulsiona energia no Brasil em meio a desafios

Em 2023, a energia hidrelétrica respondeu por 67% da eletricidade gerada no Brasil, com a conexão de novos projetos de pequenas hidrelétricas à rede elétrica. Esses projetos acrescentaram 118 MW à capacidade instalada do país, elevando para 1.330 o número total de instalações em operação.

O setor continua a expandir, com 34 projetos maiores em fase avançada de construção, somando 438 MW, enquanto outros 70, com capacidade total de 1.249 MW, já obtiveram licenciamento e iniciaram suas obras. Ao todo, mais de 60% do potencial hidrelétrico brasileiro, estimado em 172 GW, já foi aproveitado, conforme dados da International Hydropower Association (IHA).

No entanto, essa expansão encontra obstáculos. Além das condições de seca que impactam diretamente o setor, a crescente resistência de comunidades locais tem dificultado o andamento de alguns projetos. Um exemplo recente é a barragem Ribeirão, um empreendimento binacional entre Brasil e Bolívia com capacidade de 3.000 MW, que enfrenta forte oposição de moradores das áreas afetadas. Em julho de 2023, 37 organizações da sociedade civil assinaram uma carta aberta aos presidentes de ambos os países, manifestando preocupação com os impactos sociais e ambientais da obra.

A IHA destaca que tais resistências sublinham a necessidade de um diálogo construtivo entre autoridades, comunidades e desenvolvedores. A organização reforça a importância de práticas sustentáveis no desenvolvimento de novas hidrelétricas, a fim de mitigar os danos às comunidades e ecossistemas locais.

Paralelamente aos novos projetos, o Brasil investe na modernização de suas hidrelétricas. A usina de Jupiá, com 1.551 MW de capacidade, e o complexo Jaguara, com 424 MW, estão passando por um processo de renovação. Esses investimentos se tornam ainda mais relevantes diante de eventos climáticos extremos, como o colapso parcial da barragem da usina hidrelétrica 14 de Julho. A estrutura cedeu após dias de chuvas intensas, gerando uma onda de 2 metros e agravando a situação de áreas já alagadas, forçando a evacuação de mais de 15.000 pessoas.

Meteorologistas apontam que o incidente foi provocado por uma combinação de altas temperaturas, umidade elevada e ventos fortes. O CEO da IHA, Eddie Rich, comentou que, com o aumento das temperaturas e a imprevisibilidade dos padrões climáticos, o investimento e a manutenção de infraestruturas hidrelétricas serão cada vez mais essenciais para garantir a segurança e a eficiência energética no Brasil.

Naiane Santana

Naiane Santana é engenheira de petróleo com mais de 10 anos de experiência no setor de óleo e gás. Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Naiane trabalhou em grandes empresas do setor, onde desenvolveu uma profunda compreensão dos processos de exploração e produção de petróleo.

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