O Brasil anunciou que não fará parte da Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI, na sigla em inglês), uma das principais estratégias globais da China para o desenvolvimento de infraestrutura e expansão de influência econômica. A decisão foi confirmada por Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao jornal O Globo .
Embora tenha optado por não aderir formalmente à iniciativa, o Brasil pretende intensificar as sinergias com a China em áreas estratégicas, como infraestrutura, energia solar e veículos híbridos e elétricos. O anúncio ocorre às vésperas da visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping ao Brasil, programada para o próximo mês, paralelamente à cúpula do G20 no Rio de Janeiro.
Lançada em 2013, a Iniciativa do Cinturão e Rota já conta com a adesão de cerca de 150 países, abrangendo projetos significativos em infraestrutura, transporte e energia. Entre os exemplos de destaque está o Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), que mobilizou US$ 60 bilhões para conectar o porto paquistanês de Gwadar ao oeste da China, por meio de uma rede de rodovias, ferrovias e aeroportos.
Outro projeto emblemático é a ferrovia de alta velocidade que liga Jacarta a Bandung, na Indonésia, inaugurada recentemente como parte dos esforços da BRI para modernizar infraestruturas na Ásia.
A decisão brasileira reflete uma estratégia de fortalecimento de laços com a China, maior parceiro comercial do país, sem adotar compromissos formais que poderiam limitar sua autonomia em negociações futuras. Analistas apontam que o Brasil busca maximizar benefícios de cooperação bilateral, especialmente no desenvolvimento de tecnologias limpas e mobilidade sustentável, áreas de crescente interesse global.
Paralelamente, a fabricante chinesa XCMG comemora avanços no mercado brasileiro. A empresa atingiu recentemente um marco de produção com a fabricação de sua 23.456ª máquina no país, em sua unidade em Pouso Alegre. Esse número reflete o potencial do Brasil como base industrial e comercial para empresas chinesas, independentemente de sua posição formal na BRI.
A decisão brasileira representa um equilíbrio entre manter sua soberania diplomática e aproveitar o papel estratégico da China na economia global. O desdobramento dessa escolha poderá redefinir a dinâmica das relações sino-brasileiras nos próximos anos, especialmente no contexto de grandes eventos internacionais como o G20.
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