Brent cai 10,8% no 2T25 com tarifas dos EUA e alta da produção da OPEP+

O preço do petróleo Brent registrou queda de 10,8% no segundo trimestre de 2025, passando de US$ 74,55 em março para US$ 66,46 em junho. O movimento reflete o impacto direto das tarifas impostas pelos Estados Unidos e da elevação da produção pela OPEP+, que aumentou a oferta global em um momento de incerteza econômica.

O recuo mais acentuado ocorreu em abril, quando o barril chegou a ser negociado a US$ 58,22, menor valor desde janeiro de 2021. O anúncio do presidente norte-americano, Donald Trump, de impor tarifas adicionais de pelo menos 10% sobre importações de grandes parceiros comerciais, intensificou os temores de uma guerra comercial, pressionando fortemente o mercado.

Apesar de uma recuperação parcial em maio e junho — sustentada pela suspensão temporária de algumas tarifas e por previsões de demanda mais firmes —, o trimestre foi marcado por forte volatilidade.

Projeções de curto prazo: Brent pode cair a US$ 60

Segundo Palash Jain, especialista da consultoria Facts Global Energy (FGE), o Brent pode recuar para US$ 60 no curto prazo, diante do aumento de estoques e do enfraquecimento dos fundamentos globais.
Ele destaca, porém, que riscos geopolíticos podem alterar o cenário. Uma das maiores incertezas está na postura da Índia em relação às compras de petróleo russo. Caso o governo indiano ceda à pressão dos EUA e reduza as importações, os preços podem disparar para a faixa de US$ 80 a US$ 85 por barril.

Produção da OPEP+ pressiona o mercado

Já Ajay Parmar, diretor da Independent Commodity Intelligence Services (ICIS), avalia que a promessa da OPEP+ de elevar a produção em até 2,2 milhões de barris por dia entre abril e setembro representa o maior risco de desequilíbrio no mercado.

Se a tendência de alta na oferta for mantida, os preços poderão cair ainda mais. “Acreditamos que o petróleo pode atingir US$ 60 no fim de 2025 e, em um cenário de maior oferta, recuar até a faixa dos US$ 50 em 2026”, afirmou Parmar.