Petróleo

China enfrenta alta nos preços do petróleo iraniano em meio a tensões

Nos últimos meses, o cenário do petróleo iraniano destinado à China sofreu um abalo significativo. Com o preço do barril do petróleo Iran Light registrando o menor desconto em cinco anos em relação ao Brent, o custo para as refinarias chinesas tem subido, alimentado por tensões geopolíticas que reduziram os carregamentos. Esse cenário, impulsionado pelo receio de um conflito direto entre Israel e Irã, criou uma nova dinâmica no mercado de petróleo bruto que afeta a cadeia de suprimentos e o custo de produção nas refinarias chinesas.

Contexto geopolítico: aumento das tensões e redução nos carregamentos

A alta nos preços do petróleo iraniano está diretamente ligada ao ambiente tenso no Oriente Médio. Após o ataque com mísseis iranianos contra Israel no início de outubro, Israel manifestou a possibilidade de retaliações direcionadas à infraestrutura de energia iraniana. Como precaução, o Irã desacelerou os carregamentos de petróleo, especialmente na primeira quinzena de outubro, reduzindo assim a oferta para seu principal comprador a China.

Além disso, petroleiros iranianos foram vistos afastando-se da Ilha Kharg, o maior terminal de exportação de petróleo do país. Essa manobra preventiva indica uma tentativa de preservar a infraestrutura em meio ao risco de ataques, mas reduziu a oferta de petróleo no mercado, contribuindo para o aumento dos preços.

Impacto nas refinarias chinesas: menor oferta e custos crescentes

As refinarias privadas chinesas, conhecidas como “teapots,” são as principais compradoras do petróleo bruto iraniano. Esses negócios garantem ao Irã um comprador para seu petróleo sancionado, enquanto as refinarias obtêm acesso a um petróleo mais barato, essencial para manter suas operações lucrativas. No entanto, com o aumento dos preços e a menor disponibilidade, essas refinarias estão enfrentando desafios.

Mesmo com o petróleo iraniano historicamente sendo uma opção econômica, as margens de lucro das refinarias têm sido afetadas. Analistas sugerem que as refinarias independentes da China podem ter que reduzir ainda mais suas taxas de processamento até o final do ano para compensar o aumento dos custos de insumos.

Ofertas limitadas e negociações em descontos menores

Relatos indicam que o desconto do petróleo Iran Light em relação ao Brent caiu para menos de US$ 4 por barril, contra os US$ 5 a US$ 6 no início de 2024. Além disso, as ofertas para entrega ex-navio (DES) em novembro e dezembro já estão sendo negociadas com descontos de apenas US$ 3 a US$ 3,80 por barril. Essa alteração reflete o esforço do Irã em maximizar o valor de seus carregamentos limitados, considerando a demanda das refinarias chinesas.

Uma fonte de uma refinaria independente de Shandong revelou à Reuters: “Há muito poucas ofertas para entregas em novembro ou dezembro, pois ouvimos falar de problemas de carregamento no lado iraniano.” Essa escassez eleva ainda mais os preços, exercendo pressão sobre os compradores chineses.

Com a possibilidade de novos conflitos e sanções, o cenário para o petróleo iraniano permanece incerto. Para as refinarias chinesas, a principal preocupação é a manutenção de uma oferta estável a preços acessíveis, essencial para sua competitividade. À medida que o Irã lida com os riscos de represálias e os desafios de transporte, é provável que a dinâmica de preços e oferta se mantenha volátil.

A atual situação do petróleo iraniano no mercado chinês destaca como tensões geopolíticas podem rapidamente transformar o cenário energético global. A redução de carregamentos e o aumento dos preços impõem desafios para as refinarias chinesas, que agora enfrentam escolhas difíceis para manter a viabilidade econômica. À medida que o Oriente Médio continua sendo um ponto de incerteza, o mercado de petróleo deverá se adaptar a um novo equilíbrio, onde a estabilidade do fornecimento é tão crítica quanto os preços.

Fabiane Melo

Fabiane Melo é jornalista formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, escreve para o portal Click Petróleo, onde se dedica a produzir conteúdos sobre carreiras, cursos e concursos, ajudando seus leitores a se prepararem para novas oportunidades e desafios profissionais.

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