A Colômbia enfrenta um dilema crítico em sua busca por uma transição energética verde. A decisão do presidente Gustavo Petro de interromper a produção de hidrocarbonetos levanta preocupações sobre a perda de receitas fundamentais para o país, especialmente num momento em que o acesso ao financiamento internacional é incerto. Com menos de dois anos restantes em seu mandato, a Petro ainda não apresentou uma estratégia clara para alcançar a meta de neutralidade de emissões até 2050, e as dificuldades se agravaram à medida que a Colômbia se vê penalizada por suas ambições de eliminação gradual dos combustíveis fósseis .
Ao contrário de outros países produtores, como o Brasil, que defendem que os recursos do petróleo são essenciais para financiar as suas transições, a Petro determinou o fim de novos contratos de exploração de hidrocarbonetos logo após assumir a carga. Embora o curto e médio prazo o impacto sobre a produção de energia e a receita sejam considerados mínimos, as agências de classificação de crédito já reduziram a nota do país, refletindo a incerteza econômica gerada pela nova política.
A diretora da Fitch para empresas latino-americanas, Adriana Eraso, explica que, apesar de as empresas petrolíferas terem um inventário de licenças que duram cerca de sete anos, o crescimento sustentável da Colômbia depende da transição da produção de hidrocarbonetos para fontes renováveis. Nos últimos anos, o setor de petróleo e gás foi responsável por até 20% das receitas do governo, e a estatal Ecopetrol representa sozinha cerca de 4% do PIB nacional.
Outro ponto de preocupação é o gás natural, que é considerado essencial para a transição energética. A suspensão da exploração pode resultar em uma crise de abastecimento, afetando a autossuficiência do país, que, apesar de não ser um exportador, enfrenta desafios significativos devido às suas políticas atuais.
A Colômbia, que se posicionou como defensora do financiamento climático para países em desenvolvimento na cúpula da ONU em Dubai, precisa urgentemente de investimentos entre US$ 2,3 bilhões e US$ 3,8 bilhões anuais até 2030, conforme seu plano de contribuição climática nacional. Com a próxima conferência presidencial, a COP 29 em Baku, o país continuará a solicitar apoio financeiro, insistindo para que as nações assumam um papel ativo na ajuda à transição energética.
Entretanto, o governo colombiano se opõe a propostas que bloqueiem as contribuições das economias emergentes, argumentando que os países em desenvolvimento já enfrentam restrições fiscais, altos custos de capital e dívidas elevadas. A necessidade de diversificação na geração de energia se torna ainda mais evidente diante das severas secas que impactam o país, que atualmente depende em cerca de 70% da energia hidrelétrica.
Além disso, projetos de geração solar encontraram dificuldades, especialmente na região de La Guajira, onde os longos processos de consulta com comunidades indígenas atrasaram e aumentaram os custos das iniciativas. A recente decisão de aumentar impostos sobre a venda de eletricidade renovável também compromete a capacidade do governo de atingir suas metas climáticas.
A falta de um plano de transição claro e viável não apenas compromete a mudança climática da Colômbia, mas também pode dificultar a atração de financiamento internacional essencial para suas metas de transição energética.
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