O setor mineral estratégico do Brasil está em pleno crescimento, impulsionado pela busca global por fontes de energia limpa. Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), os investimentos no setor deverão aumentar em quase 90%, chegando a R$ 17,2 bilhões (US$ 3,13 bilhões) até 2028. Este movimento reforça o papel crucial do Brasil na produção de minerais necessários para tecnologias verdes.
A crescente demanda por minerais como lítio e grafite é reflexo da expansão de projetos de energia renovável, como painéis solares, turbinas eólicas, veículos elétricos e equipamentos eletrônicos. Um parque eólico offshore, por exemplo, requer 13 vezes mais recursos minerais estratégicos do que uma usina de gás natural para produzir a mesma quantidade de energia. As usinas solares também consomem cinco vezes mais, enquanto os veículos elétricos utilizam, em média, 200 kg de minerais estratégicos, seis vezes mais do que os motores de combustão interna.
O lítio, essencial para a fabricação de baterias automotivas, não está centro desse crescimento. A demanda industrial global por equivalente de carbonato de lítio (LCE) deve atingir 1,1 milhão de toneladas em 2024, com projeção de um aumento de 30%, alcançando 1,45 milhão de toneladas até 2025. No Brasil, a Sigma Lithium, empresa que opera no Vale do Jequitinhonha, iniciou sua produção comercial com uma capacidade anual de 270.000 toneladas de lítio concentrada. Para dobrar essa capacidade, a empresa investiu R$ 500 milhões (US$ 90,91 milhões) na construção de uma segunda fábrica.
Outras empresas também estão apostando no setor. A australiana Pilbara Minerals, por exemplo, entrou no mercado brasileiro com um investimento de US$ 370 milhões em um projeto de lítio em Salinas. A empresa planeja expandir suas operações, com um novo transporte de R$ 2,2 bilhões (US$ 400 milhões).
A AMG Brasil segue a mesma tendência, expandindo sua produção de lítio com um investimento de US$ 50 milhões para aumentar sua capacidade para 130.000 toneladas por ano. Além disso, a empresa está oferecendo uma unidade de conversão LCE, com investimento estimado entre R$ 280 milhões e R$ 300 milhões (US$ 50,91-54,55 milhões), com expectativa de entrar na operação até 2028.
O fundo Appian Capital também está apostando no mercado brasileiro, investindo R$ 350 milhões (US$ 63,64 milhões) em uma planta de processamento de grafite em Itagimirim, na Bahia. A planta possui potencial de expansão para produzir 120.000 toneladas anuais. Vale destacar que o grafite é um material essencial para os ânodos das baterias de veículos elétricos, sendo responsável por 95% de sua composição, com cada bateria utilizando, em média, 68 kg de grafite.
Além disso, a Appian Capital detém outros ativos minerais estratégicos no país, como a Atlantic Nickel, que produz 110.000 toneladas por ano de concentrado de níquel, e a Mineração Vale Verde, com produção anual de 70.000 toneladas de concentrado de cobre.
Esses investimentos consolidam a importância do Brasil na cadeia global de recursos minerais estratégicos, reforçando seu papel fundamental na transição para uma matriz energética mais sustentável.
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