A Intersolar South America 2024, realizada no final de agosto em São Paulo, consolidou o Brasil como um dos maiores mercados em expansão na área de energia solar. Com mais de 650 expositores e cerca de 55 mil visitantes, o evento foi marcado pelo destaque dado às inovações tecnológicas e o crescimento acelerado da indústria solar no país. Entre os principais temas abordados estavam a expansão do armazenamento de energia e a mobilidade elétrica, segmentos que vêm ganhando força no mercado.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABsolar), o Brasil deve alcançar 47,2 GW de capacidade instalada até o final de 2024, com uma adição prevista de 11 GW apenas este ano. O diretor administrativo da organizadora do evento, Florian Wessendorf, ressaltou o aumento da participação internacional no evento, com 55% dos expositores vindos de fora do país, em contraste com o predomínio brasileiro nas edições anteriores.
A indústria solar brasileira tem enfrentado desafios, como os recentes apagões e problemas de saturação na rede, que impactaram a geração de energia centralizada. Estima-se que os prejuízos para o setor tenham chegado a R$ 300 milhões devido às interrupções. Apesar desses obstáculos, a energia solar segue em expansão, com um grande potencial de crescimento na geração distribuída.
Atualmente, apenas 4% das unidades consumidoras no Brasil utilizam energia solar, enquanto na Austrália esse número chega a 30%, o que indica um vasto espaço para evolução no mercado brasileiro. Ronaldo Koloszuk, diretor do conselho da ABsolar, aponta que o consumo de eletricidade deve aumentar significativamente nos próximos anos, impulsionado pela eletrificação e descarbonização.
No entanto, o setor ainda enfrenta dificuldades regulatórias. As associações da indústria estão apoiando o Projeto de Lei 624/2023, que visa exigir estudos técnicos para justificar limitações na injeção de eletricidade gerada por sistemas de microgeração, o que pode impulsionar ainda mais o crescimento da energia solar no país.
O evento também foi palco de debates sobre o papel das políticas públicas no avanço da energia renovável. Rodrigo Sauaia, presidente da ABsolar, destacou a importância de metas mais ambiciosas para que o Brasil atinja 100% de eletricidade renovável até 2030. Embora o país tenha subido para a terceira posição global em novas instalações solares em 2024, a falta de políticas públicas específicas para o setor continua sendo um desafio a ser superado.
A energia solar, considerada uma das tecnologias mais competitivas e promissoras, deve continuar a crescer, com expectativas de atingir 5,1 TW de capacidade global até 2028. O Brasil, por sua vez, segue no caminho para se consolidar como uma referência no setor, especialmente se conseguir equilibrar os incentivos entre fontes renováveis e fósseis.
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