A diferença entre os preços da gasolina no Brasil e os valores de importação tem se ampliado, criando uma nova dinâmica no mercado de combustíveis. Segundo o consórcio de importadores Abicom, essa diferença chegou a 5% no dia 6 de setembro de 2024. Esse cenário é influenciado pela valorização do dólar frente ao real e por uma ligeira queda nos preços internacionais do diesel, fatores que favorecem o mercado interno de refinarias e alteram a competitividade entre gasolina e etanol.
De acordo com a Abicom, o preço médio da gasolina nas refinarias brasileiras está 0,16 real por litro abaixo do preço de referência internacional. Já no caso do diesel, a defasagem é de aproximadamente 1%, reforçando a atratividade do combustível nacional para os consumidores.
Apesar das oscilações no mercado global, a Petrobras anunciou que não pretende reduzir os preços da gasolina no Brasil, mantendo-se “confortável” com os atuais valores praticados. O presidente da Abicom, Sergio Araujo, destacou que a instabilidade na taxa de câmbio deve impedir ajustes significativos nos preços domésticos no curto prazo.
Essa estabilidade tem um impacto direto no mercado de etanol, que precisa manter seus preços competitivos para atrair os consumidores. O etanol hidratado, conhecido como E100, só consegue manter sua atratividade quando seu preço equivale a 70% ou menos do valor da gasolina. Em São Paulo, maior mercado consumidor do país, essa relação está em 66%, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Regiões produtoras de etanol, como Ribeirão Preto, têm registrado queda nos preços, com o etanol hidratado cotado a 2.980 reais por metro cúbico. A redução ocorre em meio a esforços das unidades de produção para limpar estoques e enfrentar limitações de espaço de armazenamento, além de aumento da concorrência.
Esses ajustes de oferta também foram observados em polos de distribuição como Paulínia e Guarulhos, pressionando as margens dos produtores de etanol. A relativa estabilidade dos preços da gasolina coloca os distribuidores de combustíveis em uma posição desafiadora, forçando-os a reavaliar suas estratégias de mercado para lidar com a concorrência e a volatilidade do etanol.
Com o mercado de combustíveis em constante adaptação, as mudanças nos preços internacionais do petróleo podem modificar ainda mais o equilíbrio entre a gasolina nacional e os combustíveis importados, o que será um fator crucial para as decisões dos players do setor.
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