A New Fortress Energy (NFE) projeta um aumento expressivo na demanda por gás natural liquefeito (GNL) no Brasil nos próximos anos, impulsionado principalmente pelos setores industrial e de geração termelétrica. A empresa, que opera dois importantes terminais de GNL no país, prevê que seus projetos somem 2,2 GW de capacidade de geração de energia até 2026.
Expansão da infraestrutura
Os terminais de GNL da NFE estão localizados em Barcarena, no Pará, e São Francisco do Sul, em Santa Catarina, ambos com capacidade para regaseificar 15 milhões de metros cúbicos por dia (Mm³/d). Em Barcarena, o terminal já fornece gás para a refinaria de alumina Alunorte, da Norsk Hydro, e começará a abastecer a usina térmica Novo Tempo Barcarena (630 MW) em 2025. O projeto da usina está 80% concluído.
Já o terminal em Santa Catarina atende tanto consumidores industriais quanto residenciais, incluindo fabricantes de cerâmica. A empresa também possui contrato com a Transportadora Bolívia Brasil (TBG) para abastecer usinas termelétricas na região sul do Brasil.
Além disso, os 2,2 GW previstos incluem o projeto térmico de Barcarena e um contrato de compra de energia (PPA) de 1,6 GW, adquirido da Portocém em 2023, que será conectado aos terminais da NFE.
Novas autorizações regulatórias
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) concedeu à subsidiária da NFE, NFE Power Distribuidora de Gás Natural, autorização para importar até 1,7 milhões de metros cúbicos por ano de GNL. O transporte será realizado por via rodoviária, com entrega nos terminais de Barcarena e São Francisco do Sul.
Segundo a NFE, esta autorização cobre operações de pequena escala e representa apenas parte de seus planos para ampliar a capacidade de fornecimento. A empresa aguarda novas aprovações regulatórias que permitirão atender à crescente demanda de várias regiões do Brasil.
Crescimento do mercado e concorrência
A Shell Energy do Brasil também obteve autorização para importar até 8 Mm³/d de gás natural da Bolívia e da Argentina. O transporte será feito pelo gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol), com entrega nos estados de Mato Grosso do Sul e adjacências.
As autorizações, válidas por dois anos, ocorrem em meio a um aumento significativo nas importações de gás natural pelo Brasil, reflexo de uma seca severa que comprometeu a geração de energia hidrelétrica em 2024.
Cenário atual
Atualmente, a capacidade nacional de regaseificação de GNL no Brasil é de aproximadamente 125 Mm³/d, distribuída entre terminais localizados nos estados do Pará, Sergipe, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.
O crescimento da demanda reflete a importância estratégica do GNL para a segurança energética do país, especialmente diante de crises climáticas e desafios no setor elétrico.