Os preços do petróleo podem enfrentar uma queda significativa em 2025 caso a OPEP+ a aliança de países exportadores de petróleo encerre seus atuais cortes de produção, alertaram especialistas do setor. A previsão, segundo analistas de energia, pode levar o preço do barril a níveis próximos de US$ 40, uma redução de quase 40% em relação aos valores atuais.
O temor dos analistas é que, sem um controle efetivo sobre a produção, o mercado de petróleo acabe inundado por excesso de oferta. “O cenário de 2025 se mostra mais instável para o petróleo do que em anos anteriores, talvez o mais instável desde a Primavera Árabe,” declarou Tom Kloza, chefe de análise de energia da OPIS, uma agência de relatórios de preços. Segundo ele, sem o controle de produção da OPEP, o preço do barril poderia despencar para US$ 30 ou US$ 40.
Atualmente, o preço do Brent, referência global do petróleo, gira em torno de US$ 72, enquanto o West Texas Intermediate (WTI) é negociado próximo a US$ 68 por barril. Uma queda para US$ 40 representaria um forte impacto sobre a receita dos países produtores, especialmente aqueles que dependem fortemente das exportações de petróleo para sustentar suas economias.
Apesar das previsões pessimistas, os analistas acreditam que é mais provável que a OPEP+ opte por uma dissolução gradual dos cortes no início do próximo ano, ao invés de uma suspensão abrupta. Segundo Henning Gloystein, chefe de energia do Eurasia Group, a redução total dos cortes poderia “certamente causar uma queda acentuada nos preços do petróleo,” mas a aliança pode buscar uma abordagem cautelosa para minimizar os impactos no mercado.
A aliança já demonstrou prudência ao prorrogar o cronograma para o aumento de produção. Em setembro, a OPEP+ decidiu adiar em dois meses a redução dos cortes de 2,2 milhões de barris por dia, que originalmente venceriam no fim do mês. Este adiamento, segundo analistas, reflete o cuidado do cartel em evitar pressões adicionais sobre os preços, que já enfrentam obstáculos como a recuperação lenta da demanda global pós-Covid.
A expectativa de aumento substancial na oferta global de petróleo se reflete em declarações de especialistas do Citibank, que preveem um acréscimo considerável nos estoques no próximo ano. “Caso a OPEP+ siga com o aumento de produção planejado, o excedente pode chegar a 1,6 milhão de barris por dia,” afirmou Martoccia Francesco, estrategista de energia do Citibank.
O mercado de petróleo também enfrenta a competição de outros países produtores, como Estados Unidos, Canadá, Guiana e Brasil, que devem elevar suas respectivas produções. Este cenário de aumento de oferta é combinado com a previsão de crescimento modesto da demanda global revisada pela própria OPEP de 1,6 milhão para 1,5 milhão de barris por dia para 2025.
Além disso, analistas consideram que o possível retorno de Donald Trump ao cenário político norte-americano poderia intensificar as pressões de baixa sobre os preços do petróleo. A política de Trump favorece a expansão da produção doméstica com o objetivo de cortar os custos energéticos. “Se uma nova guerra comercial com a China ocorrer, poderemos ver preços ainda mais baixos,” afirmou Kloza, da OPIS.
A expectativa de preços mais baixos também é reforçada pelo possível impacto nos valores do combustível. Para que a gasolina varejista nos EUA alcance o “ponto ideal” de US$ 3 por galão, o petróleo teria de cair para abaixo de US$ 40, conforme explicou Matt Smith, analista da Kpler.
Enquanto a possibilidade de uma queda acentuada preocupa os produtores, os consumidores podem se beneficiar de preços mais baixos no varejo, especialmente em um cenário de inflação global. Por ora, o futuro dos preços do petróleo permanece incerto, mas o consenso entre os especialistas indica que o ano de 2025 poderá ser marcado por desafios e pela pressão de um mercado em excesso de oferta.
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