A intensificação do conflito entre Israel e Palestina, que se acirrou em 7 de Outubro com os ataques do Hamas a Israel, gerou uma onda de incerteza nos mercados globais de petróleo e gás. Essa situação se soma aos desafios já existentes, como os cortes de produção da Opep+ e as repercussões da invasão russa da Ucrânia no mercado energético.
Em meio a este cenário, o preço do petróleo atingiu picos consideráveis, chegando a quase 98 dólares por barril em setembro. A Arábia Saudita e a Rússia, influentes na definição da oferta global de petróleo, anunciaram cortes adicionais na produção. A Agência Internacional de Energia (AIE) apontou preocupações com taxas de juros potencialmente elevadas por períodos mais longos, devido às flutuações nos preços do petróleo e ao crescimento moderado da demanda.
A situação geopolítica no Oriente Médio, com especial foco no conflito entre Israel e Palestina, tem causado nervosismo nos mercados de commodities. Os ataques do Hamas a Israel e a subsequente resposta militar israelense sobre Gaza elevaram a tensão na região. As crescentes baixas humanas e os danos materiais intensificam a inquietação no mercado.
A Opep+, um consórcio de países produtores de petróleo, sinalizou que poderá produzir abaixo de suas quotas estabelecidas, mantendo o mercado em déficit. Paralelamente, a Rússia viu um aumento significativo nas receitas de exportação de petróleo em setembro, alcançando o valor mais alto desde julho de 2022.
A produção global de petróleo, liderada pela Nigéria e Cazaquistão em setembro, mostrou um aumento, mas a previsão é de redução na oferta da Opep+ em 2023. Por outro lado, a produção de países não membros da Opep+ deve crescer nos próximos anos. O Banco Mundial antecipa uma queda nos preços das commodities em 2024.
A diversificação nas fontes de energia e a adoção de medidas como reservas estratégicas de petróleo e mercados futuros ajudam os países a mitigar o impacto de choques no fornecimento de petróleo. Esses avanços sugerem que as consequências da escalada do conflito podem ser menos severas do que em ocasiões anteriores.
Impacto da guerra nos preços do petróleo
No que diz respeito aos preços do petróleo, a AIE observou que a guerra Israel-Palestina não afetou diretamente os fluxos de petróleo até o momento. Contudo, influenciou os comerciantes a adicionar um prêmio de risco ao preço do barril.
A empresa Offshore Technology reportou que a guerra levou a um aumento nos preços das ações da Shell e a interrupções nas operações do porto de Ashkelon em Israel. O Banco Mundial alertou para a possibilidade de os preços do petróleo alcançarem 150 dólares em 2024, caso o conflito se agrave.
Fluxos e preços do gás
A guerra também impacta o setor de gás natural. Houve um aumento significativo nos preços spot do gás natural liquefeito (GNL) desde 7 de Outubro. A Chevron suspendeu a produção de gás na plataforma Tamar devido aos ataques, afetando o fornecimento na região.
As implicações do conflito Israel-Palestina nos mercados de petróleo e gás são complexas e cheias de incertezas.
Embora o fornecimento direto de petróleo e gás ainda não tenha sido significativamente impactado, a tensão na região contribui para um mercado energético global já fragilizado.
A AIE adverte que, dada a situação volátil no Oriente Médio, a comunidade internacional permanece atenta aos riscos que podem afetar os fluxos de petróleo da região. O atual conflito acrescenta mais um elemento de incerteza em um mercado já tenso, o que pode levar a flutuações adicionais nos preços.
Além disso, a Europa, que enfrenta um inverno mais frio que o habitual, mantém suas reservas de gás quase na capacidade total, preparando-se para possíveis interrupções no fornecimento. Segundo a Euronews, a União Europeia está bem abastecida para o inverno de 2022-23, mas os impactos geopolíticos continuam a influenciar os preços do gás globalmente.
A resolução do conflito Israel-Palestina e o início de negociações de paz são considerados cruciais para a estabilização dos mercados globais de petróleo e gás. Enquanto isso, a situação permanece imprevisível, com possíveis ramificações para a economia global.
Indermit Gill, economista-chefe do Banco Mundial, alerta que um agravamento do conflito no Oriente Médio, em conjunto com a guerra na Ucrânia, poderia levar a um duplo choque energético, o primeiro em décadas, afetando não apenas a oferta de energia, mas também os preços dos alimentos e a segurança alimentar global.
Finalmente, apesar da prolongada violência em Gaza e das consequências ainda incertas para o setor de petróleo e gás, as crises humanitárias resultantes continuam a ser uma preocupação urgente, com vidas perdidas e comunidades devastadas. A comunidade internacional observa atentamente o desenvolvimento da situação, esperando uma resolução pacífica que possa trazer estabilidade tanto à região quanto aos mercados energéticos globais.