Com o compromisso de alcançar um sistema elétrico limpo até 2030, o governo trabalhista do Reino Unido apresentou uma estratégia ousada que visa tornar o país uma superpotência de energia verde. Essa ambição, apoiada pelo relatório do National Energy System Operator (Neso), promete mudanças profundas na estrutura de geração e distribuição de eletricidade, mas o caminho não será isento de desafios e custos. Vamos entender como o Reino Unido planeja realizar essa transição e o que ela significa para consumidores, empresas e para o próprio setor energético.
Para cumprir as metas climáticas e fortalecer a segurança energética, o Reino Unido pretende descarbonizar totalmente o seu sistema elétrico nos próximos seis anos. A Neso afirmou que a meta é tecnicamente viável, mas exige ações urgentes, especialmente em infraestrutura e políticas que incentivem a adoção de energias renováveis. Esta transição não é apenas um avanço ambiental; ela representa uma oportunidade econômica, reduzindo a dependência de mercados globais de gás e estabilizando custos energéticos no longo prazo.
Um dos principais questionamentos dos consumidores é sobre o impacto nas contas de energia. Segundo o Office for Budget Responsibility, os subsídios para projetos renováveis devem aumentar de £12 bilhões em 2024-25 para £14,8 bilhões em 2029-30. Em compensação, espera-se que o uso intensivo de fontes renováveis mais baratas reduza o custo da eletricidade no atacado em até 10%.
Para beneficiar-se desses custos mais baixos, políticas de flexibilização de tarifas, como horários de “pico” e “fora de pico”, podem ser expandidas, permitindo que consumidores economizem ao ajustar o consumo, como no carregamento de veículos elétricos durante a madrugada.
Embora o Reino Unido esteja encerrando o uso do carvão, as usinas de gás ainda são responsáveis por cerca de um terço da eletricidade do país. A previsão é de que as usinas de gás continuem a oferecer um suporte temporário nos momentos de baixa produção renovável, representando menos de 5% da geração total até 2030. A frota de usinas a gás, no entanto, deve se manter próxima dos 35 GW atuais, preparada para atender à demanda quando necessário.
Para atingir a meta de energia limpa, o Reino Unido terá de aumentar significativamente sua capacidade de energia eólica e solar. Espera-se que a capacidade de energia eólica onshore dobre, enquanto a solar triplicará. A energia eólica offshore desempenhará um papel crucial, com projeções de crescimento de até 50 GW até 2030. Esta expansão exigirá um investimento em infraestrutura de rede e em armazenamento de baterias, que deve quintuplicar para suportar a nova matriz energética.
Conectar novos projetos de energia renovável à rede elétrica demandará um aumento expressivo na quantidade de torres e linhas de energia. A Neso estima que sejam necessários £60 bilhões em investimentos para adicionar cerca de 1.000 km de linhas de rede onshore e mais de 2.800 km de linhas offshore, o dobro do que foi construído na última década. Além disso, o processo de aprovação de projetos precisará ser reformado, priorizando os projetos mais maduros para evitar congestionamentos e agilizar a conexão.
Além das renováveis, o Reino Unido deve continuar contando com a biomassa – uma opção considerada “neutra em carbono”, embora contestada por ambientalistas. Outra estratégia sugerida pela Neso envolve o uso de usinas a gás com captura e armazenamento de carbono (CCS) ou movidas a gás hidrogênio, especialmente em cenários de menor sucesso na expansão da energia eólica offshore. Esses recursos ofereceriam um suporte flexível, com até 2,7 GW de capacidade disponível.
O plano de transição para energia limpa do Reino Unido é um marco importante para a indústria e para o consumidor. Ele oferece uma oportunidade única de reestruturar o sistema elétrico, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis e fortalecendo a economia verde. No entanto, o sucesso dependerá de investimentos robustos em infraestrutura, políticas de incentivo e de um planejamento cuidadoso para minimizar o impacto nos consumidores.
Ao acompanhar de perto o desenvolvimento desse plano, empresas e cidadãos poderão adaptar-se às mudanças e aproveitar as vantagens econômicas e ambientais de um futuro mais sustentável. A jornada do Reino Unido rumo a um sistema elétrico limpo até 2030 representa um avanço para toda a sociedade, aproximando o país de uma posição de liderança na transição energética global.
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