As principais bacias hidrográficas do Brasil, essenciais para a geração de energia hidrelétrica, enfrentam uma das piores secas das últimas duas décadas, com níveis de umidade do solo atingindo mínimos históricos. A situação atual ameaça não apenas a capacidade de geração de energia, mas também prenuncia aumentos no custo da eletricidade e consequentes elevações nas taxas de juros.
Historicamente, as chuvas tropicais no Brasil são fundamentais para o funcionamento das hidrelétricas, que respondem por cerca de dois terços da eletricidade gerada no país. Contudo, períodos prolongados de chuvas abaixo da média comprometeram significativamente a eficiência dessas instalações nos últimos anos, contribuindo para a escalada dos preços da energia e inflação.
De acordo com Claudio Vallejos, analista da LSEG, a seca afetou profundamente as bacias de Paranaíba, Grande e Tocantins, que cobrem vastas regiões do sudeste, centro-oeste e norte do Brasil. Vallejos destaca que o solo ressecado retém a memória das chuvas insuficientes, o que dificulta a rápida recuperação dos níveis dos reservatórios, mesmo com a chegada das chuvas sazonais esperadas nos próximos meses.
A situação é crítica especialmente para as usinas de fio d’água, como a de Santo Antônio, localizada no norte do Brasil, que sofreu paralisações devido à baixa vazão do Rio Madeira. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem enfrentado desafios para gerenciar o fornecimento de energia nos períodos de pico, resultando na necessidade de ativar usinas termelétricas mais caras para suprir a demanda.
Embora o aumento da capacidade de geração eólica e solar tenha proporcionado algum alívio, problemas de transmissão limitam o aproveitamento total desses recursos. Atualmente, os reservatórios das principais hidrelétricas operam com 53% da capacidade, uma melhoria em relação ao pico da crise hídrica de 2021, quando os níveis caíram para 16%.
Especialistas como Alexandre Nascimento, da Nottus Meteorologia, preveem que as chuvas deste ano podem começar mais tarde e serem mais isoladas, prolongando as condições adversas. Enquanto isso, Sergio Romani, da Genial Energy, adverte que os preços da eletricidade podem permanecer elevados por mais tempo, afetando diretamente o bolso dos brasileiros.
Esta análise reflete um panorama preocupante para a segurança energética do Brasil, especialmente se as condições secas persistirem, ressaltando a importância de estratégias sustentáveis e diversificação das fontes de energia para mitigar futuras crises.
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