A prolongada seca nas principais bacias hidrográficas do Brasil ameaça a geração de energia hidrelétrica, segundo dados recentes do London Stock Exchange Group (LSEG). A umidade do solo nessas regiões atingiu o nível mais baixo desde os anos 1990, gerando preocupações sobre o impacto no fornecimento de eletricidade, que depende majoritariamente de usinas hidrelétricas.
O Brasil, que gera cerca de dois terços de sua eletricidade a partir de hidrelétricas, enfrenta dificuldades devido à baixa precipitação em anos consecutivos, o que tem elevado os custos de energia e contribuído para o aumento da inflação. Mesmo com a previsão de chuvas sazonais para o próximo mês, especialistas alertam que os reservatórios hidrelétricos podem demorar mais para encher, devido à necessidade de o solo recuperar sua umidade.
As bacias do Paranaíba Grande e Tocantins, que abastecem regiões do nordeste, centro-oeste e norte, estão entre as mais afetadas. Segundo Claudio Vallejos, analista do LSEG, a seca atual é resultado de uma década em que apenas um ano teve precipitação acima da média. “O solo age como uma memória das chuvas, e os níveis atuais refletem esse histórico ruim”, afirma Vallejos.
Essa situação já provocou o fechamento parcial de importantes usinas, como Santo Antônio, no Rio Madeira. Além disso, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem enfrentado dificuldades na operação da rede durante picos de consumo, o que resultou na ativação de usinas termelétricas, que são mais caras.
Embora os reservatórios estejam em níveis superiores aos registrados durante a crise hídrica de 2021, quando caíram para 16% de sua capacidade, especialistas alertam para o risco de um novo ciclo seco em 2025. “Os reservatórios armazenam energia, mas é o solo nas bacias que coleta a chuva e a direciona para os reservatórios”, ressalta Vallejos.
A perspectiva para os preços de energia também não é otimista. Sergio Romani, presidente da Genial Energy, afirmou que os custos da eletricidade devem permanecer elevados até que as chuvas sejam suficientes para aliviar a situação. Segundo a Genial Energy, os brasileiros devem continuar pagando as tarifas mais altas, conhecidas como “bandeira vermelha”, até o final do ano.
A previsão de inflação também reflete essa pressão. De acordo com analistas, se as tarifas de energia continuarem em níveis elevados, a inflação poderá subir até 32 pontos-base até o fim de 2024.
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