A Petrobras, maior empresa de petróleo do Brasil, está elevando a pressão sobre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para acelerar a obtenção de uma licença que permitiria a aplicação na Margem Equatorial. Esta área, de alto potencial geológico e sensibilidade ecológica, tem sido alvo de intensos debates entre autoridades estaduais e ambientais.
Na última sexta-feira, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, reuniu-se no Rio de Janeiro com o governador do Amapá, Clécio Luis, e os senadores Davi Alcolumbre e Randolfe Rodrigues. Durante o encontro, as lideranças políticas do Amapá discutiram possibilidades de investimento no estado e solicitaram apoio da Petrobras para investir na economia local através do desenvolvimento de suas áreas marítimas.
“Estamos comprometidos com a exploração responsável e cuidados às preocupações expressas pelas autoridades e pela população do Amapá. Nosso objetivo é transformar o potencial econômico do estado em benefícios concretos para os cidadãos locais”, afirmou Chambriard em comunicado.
A reunião ocorreu em meio a relatos de que a equipe técnica do Ibama recomendou a exclusão da licença ambiental para o poço “Morpho”, localizado no bloco FZA-M-59, na Bacia da Foz do Amazonas, região central do debate. A Petrobras tem focado nessa área, considerada estratégica para expandir a fronteira de exploração de petróleo e gás do Brasil. No entanto, a localização, próxima à foz do Rio Amazonas e em uma região praticamente intocada, gera fortes preocupações ambientais.
A Petrobras argumenta que o desenvolvimento dessa nova área de exploração é fundamental para o Brasil sustentar sua produção de petróleo no longo prazo, especialmente diante da correção do declínio da produção na próxima década. Apesar do apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já posicionou o Brasil como um líder ambiental global, o impasse com o Ibama continua.
Em comunicado recente, Rodrigo Agostinho, diretor do Ibama, informou à Petrobras que o órgão exige esclarecimentos adicionais para avançar no processo de análise da licença. Segundo Agostinho, persistem dúvidas sobre detalhes operacionais como a quantidade de helicópteros de apoio, a disponibilidade de veterinários em caso de vazamento de óleo, e a infraestrutura de resposta a emergências, especialmente no Oiapoque, no norte do Amapá.
Marcus D’Elia, sócio da consultoria Leggio, enfatizou que qualquer decisão sobre a exploração na Margem Equatorial precisa considerar os interesses da sociedade. Ele alertou que a perfuração na Foz do Amazonas envolve custos significativamente mais altos em comparação com outras áreas do país, e a falta de infraestrutura adequada na região representaria desafios consideráveis.
“A Petrobras precisa avaliar se o retorno desse projeto justificaria o custo elevado. O impasse político resultou em adiamentos que prejudicaram o desenvolvimento da região”, afirmou D’Elia em comunicado à imprensa.
Em entrevista concedida à CNN Brasil, Chambriard criticou a lentidão do processo e reforçou a importância do papel da Petrobras na promoção de riqueza e desenvolvimento econômico. “Estamos prontos para contribuir, mas os órgãos ambientais precisam definir os limites para que possamos atuar”, concluiu.
Este é mais um capítulo na longa disputa entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental no Brasil.
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