A chegada de duas cargas de gasolina russa ao porto de Santos, no estado de São Paulo, está prevista para as próximas semanas, conforme dados obtidos pela S&P Global Commodities at Sea (CAS). Ao todo, 141.100 barris (22.416 m³) serão entregues em duas remessas: a primeira, de 112.000 barris (17.806 m³), está programada para o dia 19 de novembro; a segunda, com 29.000 barris (4.610 m³), deve desembarcar no dia 25.
Os navios responsáveis pela operação, KOBE e ELAIA, partiram do porto de Ust-Luga, na Rússia, e estão atualmente em trânsito. A movimentação reforça a diversificação das fontes de importação do Brasil, mesmo em um cenário de janela de importação fechada para gasolina desde o início de outubro, devido a preços domésticos pouco competitivos em relação ao mercado internacional.
Mercado Nacional em Transformação
Enquanto as importações de gasolina permanecem limitadas, o mercado interno brasileiro testemunha um aumento na participação do etanol hidratado, que tem se tornado uma opção competitiva para os consumidores. Dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) mostram que as vendas de gasolina nas bombas caíram 5,44% até setembro de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado, totalizando 32,64 milhões de m³. Em contrapartida, as vendas totais de combustíveis cresceram 4,79%, atingindo 48,68 milhões de m³.
Além disso, a Platts avaliou o preço da gasolina no Brasil em 8 de novembro, com valores oscilando entre US$ 80,29/b em Itaqui, no Nordeste, e US$ 82,24/b em Paranaguá, no Sul. A diferença de preços entre o mercado doméstico e as importações foi negativa em diversas regiões, como em Itaqui (-R$ 0,0909/litro) e Paulínia, no Sudeste (-R$ 0,1735/litro), dificultando a viabilidade de novas operações de importação.
Dados Adicionais e Contexto Internacional
Enquanto o Brasil aguarda as novas remessas russas, os registros do CAS também indicaram movimentações inusitadas no mercado sul-americano. Em novembro de 2023, a Argentina exportou 230.900 barris de gasolina para o Brasil, mas desde então, carregamentos desse tipo se tornaram raros. Dados recentes apontam uma carga argentina programada para o porto de São Francisco do Sul, mas especialistas acreditam que se tratava de diesel destinado à Índia.
No acumulado de 2024, o Brasil já importou mais de 2,04 milhões de m³ de gasolina, com os portos de Suape e São Luís (Itaqui) liderando os volumes recebidos. Em 2023, o volume importado foi significativamente maior, totalizando 3,3 milhões de m³ no mesmo período.
Perspectivas e Impacto no Mercado
A chegada da gasolina russa deve aliviar parte da pressão sobre a oferta interna, mas não se espera um impacto significativo nos preços devido à retração do consumo e à alta competitividade do etanol. Especialistas acreditam que a estratégia de diversificação de fornecedores continuará sendo um fator essencial para o equilíbrio do mercado brasileiro, especialmente diante das oscilações do cenário global de combustíveis.
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