
Em pleno segundo semestre de 2025, milhões de brasileiros ainda esperam pelo pagamento do abono salarial PIS/PASEP de anos anteriores. Mesmo com mais de R$ 500 bilhões disponíveis no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), os valores referentes ao ano-base 2022 e 2023 continuam sendo depositados de forma fragmentada, gerando indignação e desconfiança entre os trabalhadores.
O que está acontecendo com o abono salarial?
O abono salarial é um direito garantido por lei para trabalhadores que cumpram critérios específicos de tempo de serviço, renda e registro em carteira. Porém, a realidade prática se mostra bem diferente da teoria. Atrasos recorrentes e mudanças nos critérios de pagamento têm deixado muitos brasileiros sem respostas — e sem o dinheiro no bolso.
O caso mais alarmante é o pagamento referente ao ano-base 2022, que deveria ter sido realizado em 2023. Muitos trabalhadores só foram habilitados em 2025, e ainda assim nem todos receberam.
Um sistema que falha — e não é o eSocial
Parte da justificativa oficial para os atrasos recai sobre falhas no envio de informações ao sistema eSocial, principalmente por parte de órgãos públicos. De acordo com dados recentes, cerca de 860 mil servidores ficaram de fora dos cadastros, o que inviabilizou o pagamento do PASEP dentro do calendário.
Contudo, especialistas e influenciadores denunciam: o verdadeiro problema não é o sistema, e sim a falta de compromisso político com o trabalhador brasileiro. A crítica é direta: se há mais de meio trilhão no FAT, por que não usar os R$ 30 bilhões necessários para pagar os abonos em dia?
Ano-base 2023: mais uma leva de frustração
O que era para ser uma correção do passado virou mais uma frustração. Diversos trabalhadores com cinco anos de cadastro no PIS relatam que, ao verificarem seus dados no sistema, aparecem agora com apenas quatro anos de registro — e, portanto, foram desabilitados para o benefício de 2023.
Essa inconsistência acende um alerta: além dos atrasos, há desorganização nas informações utilizadas para definir quem tem direito ao abono.
Trabalhador público também sofre
Prefeituras e órgãos públicos não cadastraram corretamente seus servidores no sistema, resultando em exclusões indevidas. Esses profissionais, que deveriam ter recebido o PASEP em 2024, ainda aguardam. Segundo resolução do Codefat, os dados pendentes passarão por reprocessamento, com pagamento previsto apenas para 15 de outubro de 2025.
PEC do Equilíbrio Fiscal: o fim do abono?
Um novo temor paira sobre os trabalhadores: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Equilíbrio Fiscal, apresentada por parlamentares de direita, pretende restringir ainda mais o acesso ao abono salarial. A proposta altera os critérios de elegibilidade, permitindo o benefício apenas para quem ganha até 1,5 salário mínimo — e pode representar, na prática, a extinção gradual do programa.
A emenda constitucional 135, sancionada em dezembro de 2024, já implementou parte dessas restrições. Muitos temem que, com a aprovação definitiva da PEC, o benefício seja encerrado de vez.
Falta de representatividade e indignação popular
A insatisfação é generalizada. Trabalhadores sentem-se abandonados pelos seus representantes no Congresso Nacional. Dos 513 deputados e 81 senadores, poucos têm se manifestado sobre o tema. Enquanto isso, influenciadores denunciam o descaso com o trabalhador e chamam a atenção para o risco de “calote institucionalizado”.
O apelo é direto: “Não venda seu voto por R$ 50. Exija respeito, lute pelos seus direitos. Se unirmos vozes, podemos pressionar por um Brasil mais justo”, reforça um influenciador em vídeo viral.
O que fazer se você não recebeu?
Para quem ainda aguarda o abono salarial:
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Verifique seu cadastro no aplicativo Carteira de Trabalho Digital;
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Confirme o tempo de serviço e vínculo registrado nos sistemas;
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Caso tenha direito e não esteja habilitado, é possível abrir recurso administrativo após 15 de outubro de 2025;
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Em casos mais complexos, busque orientação jurídica ou representação sindical.
Dinheiro existe, mas falta vontade política
O que se observa é um cenário de desequilíbrio entre o que está garantido por direito e o que é efetivamente cumprido. A falta de respeito com o trabalhador, somada a possíveis manobras para extinguir o abono, reforça a necessidade de vigilância e mobilização social.
Mesmo com dinheiro em caixa, o pagamento do abono salarial segue fora do calendário ideal. A luta continua, e a informação é a principal aliada de quem deseja fazer valer seus direitos.
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