A Braskem, gigante brasileira do setor petroquímico, projeta uma maior participação nos mercados internos de polietileno (PE) e polipropileno (PP) após a recente elevação das tarifas de importação. A medida, implementada pelo governo em 15 de outubro, aumentou as tarifas de 12,6% para 20% e tem validade de um ano. Segundo a empresa, essa mudança deve impulsionar as vendas do primeiro trimestre em aproximadamente US$ 30 milhões.
Pedro Freitas, diretor financeiro da Braskem, afirmou que as tarifas são uma medida temporária, mas que devem proporcionar ganhos importantes no curto prazo. Durante a teleconferência de resultados, Freitas destacou que a companhia busca também fortalecer a competitividade por meio de iniciativas como a transição para fontes renováveis, melhorias tecnológicas e incentivos fiscais.
Medidas complementares e competitividade
A Braskem, junto com a Unipar Carbocloro, solicitou ao governo o aumento das tarifas antidumping sobre o PVC importado dos Estados Unidos, atualmente em 8,2%. Essa ação visa proteger o mercado nacional e assegurar uma produção mais competitiva frente aos produtos estrangeiros. As empresas também mantêm um monitoramento sobre outros tipos de polímeros que podem estar sujeitos às mesmas medidas.
No âmbito de investimentos, Freitas mencionou a possibilidade de duplicar a capacidade de produção no complexo petroquímico do Rio de Janeiro, que opera integralmente com etano como matéria-prima. A Braskem também avalia expandir a capacidade de sua planta na Bahia, onde o etano é usado parcialmente. Essa estratégia está alinhada às novas regulamentações do setor de gás natural no Brasil, que prometem maior disponibilidade de etano extraído das operações offshore da Petrobras.
Manutenção e investimentos internacionais
A Braskem anunciou que investirá cerca de US$ 60 milhões em uma parada programada de manutenção em sua joint venture Braskem Idesa, no México, prevista para durar entre 30 e 40 dias. Outro projeto similar ocorrerá no cracker da empresa em Duque de Caxias, Rio de Janeiro, agendado para o próximo ano.
Nos Estados Unidos, a empresa estuda possíveis investimentos para a produção de PP verde, uma iniciativa alinhada à crescente demanda por produtos mais sustentáveis.
Impactos da eleição nos EUA e perspectivas para 2025
Com a recente reeleição de Donald Trump, a Braskem prevê um aumento no protecionismo nos Estados Unidos, o que pode favorecer suas operações locais. Por outro lado, isso poderia deslocar produtos estrangeiros que, de outra forma, seriam direcionados ao mercado norte-americano, afetando a demanda no Brasil. Freitas indicou que, apesar das perspectivas mais positivas devido às tarifas, o setor enfrenta desafios globais, incluindo o ciclo petroquímico em baixa, o que pode levar à racionalização de capacidade no futuro próximo.
Resultados do terceiro trimestre
As vendas de resina da Braskem no mercado doméstico recuaram 2% no terceiro trimestre em relação ao ano anterior, com queda também nos volumes nos Estados Unidos, Europa e México. No Brasil, as vendas totalizaram 869 mil toneladas métricas, abaixo das 884 mil toneladas do mesmo período de 2023. No entanto, comparadas ao segundo trimestre, houve um aumento de 6%, impulsionado pela retomada das operações no complexo do Rio Grande do Sul após severas inundações e pela maior demanda nos setores de higiene e limpeza.
A Braskem encerrou o trimestre com um prejuízo reduzido de US$ 106 milhões, frente aos US$ 497 milhões do mesmo período do ano passado, resultado atribuído principalmente a uma variação cambial negativa de R$ 1,2 bilhão (US$ 211 milhões).
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