Os preços do petróleo iraniano vendido para a China atingiram um patamar de desconto não visto há quase cinco anos, impulsionados por uma combinação de exportações reduzidas e tensões crescentes no Oriente Médio. Com o comércio global de petróleo cada vez mais volátil, especialistas apontam que a situação pode provocar efeitos duradouros, tanto para a economia chinesa quanto para o cenário energético mundial.
O que está acontecendo?
As refinarias independentes chinesas, conhecidas como teapots, enfrentam um dos períodos mais difíceis desde que começaram a importar petróleo iraniano em 2016. Operando com margens mínimas, estas refinarias estão vulneráveis aos preços elevados e às dificuldades no fornecimento. A redução das exportações do Irã, que fornecem cerca de 10% do petróleo bruto importado pela China, adiciona uma camada de incerteza a um setor já fragilizado.
Impacto das exportações reduzidas
Em outubro, os carregamentos de petróleo iraniano caíram significativamente, com os terminais de exportação, incluindo a Ilha Kharg, registrando uma diminuição expressiva. De acordo com dados das plataformas de rastreamento de petroleiros Kpler e Vortexa, as exportações iranianas caíram 340.000 barris por dia em relação ao mês anterior. O medo de possíveis retaliações israelenses às instalações iranianas também contribuiu para essa desaceleração, ainda que o impacto tenha sido menor do que o esperado.
Razões para a redução
- Problemas técnicos: Um vazamento de oleoduto em uma área de ancoragem da Ilha Kharg foi um dos fatores apontados, embora detalhes sobre a resolução do problema ainda sejam incertos.
- Tensões geopolíticas: O aumento da pressão geopolítica no Oriente Médio, especialmente as preocupações com retaliações israelenses, influenciou a hesitação dos armadores em realizar carregamentos.
Como isso afeta a china?
Com a queda na disponibilidade do petróleo iraniano, as refinarias teapots da China enfrentam desafios crescentes. Operando em torno de 50% da capacidade, muitas refinarias estão acumulando prejuízos, especialmente na produção de diesel, que se mostrou menos lucrativa. O aumento nos preços, impulsionado também pelo petróleo da Arábia Saudita, tem sido uma preocupação constante para essas refinarias, já que margens estreitas tornam a operação sustentável cada vez mais difícil.
“Estamos ganhando pouco dinheiro no geral, perdendo muito na produção de diesel”, afirmou um executivo de uma refinaria de Shandong, evidenciando a situação econômica delicada enfrentada pelo setor.
A situação global
No cenário global, os diferenciais do petróleo leve iraniano estabilizaram-se com um desconto menor de US$ 4 por barril em relação ao Brent, enquanto o petróleo pesado iraniano manteve um desconto de US$ 7. Estes preços são significativamente mais altos comparados ao início de 2024, refletindo o impacto da oferta reduzida e o aumento da demanda.
Com as tensões geopolíticas persistentes e a recuperação da economia global após a pandemia, o mercado de petróleo enfrenta uma trajetória incerta. Pequim, por sua vez, continua a defender seu comércio com o Irã, enfatizando sua conformidade com as leis internacionais, enquanto traders observam como o petróleo iraniano frequentemente é renomeado para contornar as sanções dos EUA.
Esta situação reforça a complexidade do comércio global de petróleo e os desafios enfrentados por países que dependem de fornecedores como o Irã. O que acontecerá a seguir depende tanto de fatores técnicos quanto de decisões políticas, tornando o setor de energia um dos mais instáveis e observados no cenário atual.
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