
A escalada do conflito entre Israel e Irã já provoca reflexos diretos na economia mundial. Desde o início dos ataques, o preço do barril do petróleo tipo Brent disparou mais de 13%, superando os US$ 74, e há projeções de que ultrapasse os US$ 100 nas próximas semanas, segundo análise do banco Goldman Sachs.
No Brasil, apesar da autossuficiência em petróleo bruto, o país ainda depende da importação de derivados, como gasolina e diesel. Esse desequilíbrio torna o Brasil vulnerável ao mercado internacional, o que pode obrigar a Petrobras a rever a política recente de redução dos preços dos combustíveis. Em 2025, já foram registradas três quedas no valor do diesel e uma na gasolina — movimento que agora está sob risco de reversão.
Efeitos em cascata na inflação brasileira
De acordo com o economista Gabriel Barros, o impacto é inflacionário em escala global, atingindo não apenas os Estados Unidos e Europa, mas também o Brasil. “O combustível é a base da nossa logística. O aumento nos preços deve encarecer alimentos e produtos industriais rapidamente”, afirmou Barros em entrevista à Jovem Pan. Para ele, o impacto será sentido até por quem não dirige, já que a alta no preço dos combustíveis se espalha por toda a cadeia produtiva.
Especialistas alertam que a inflação nos combustíveis tem efeito dominó: além dos alimentos, vestuário, produtos farmacêuticos e bens duráveis tendem a encarecer. A pressão inflacionária também pode obrigar o Banco Central a repensar sua política monetária, elevando juros para conter os preços, o que por sua vez desacelera ainda mais o crescimento econômico.
Possível bloqueio no estreito de Ormuz preocupa o mercado
Mais de 20% do petróleo transportado no mundo passa pelo estreito de Ormuz, localizado na região do Golfo Pérsico — justamente onde o conflito se intensifica. Caso o Irã decida restringir ou bloquear a passagem, o impacto no preço global pode ser ainda mais agressivo. O risco geopolítico já está sendo monitorado de perto por distribuidoras brasileiras, que avaliam reajustes nos preços de venda ao consumidor.
“Não é só uma guerra regional — é um choque externo que afeta a todos, mesmo quem está longe do conflito”, alertou Rodrigo Viga, correspondente da Jovem Pan no Rio de Janeiro. Ele ressalta que distribuidoras nacionais já estão calculando aumentos para os próximos dias, especialmente no diesel, o que deve pressionar os postos de combustíveis em todo o país.
Fragilidade brasileira diante de choques globais
O economista Gabriel Barros também chamou atenção para a fragilidade da posição brasileira em relação à defesa e à geopolítica internacional. “A nossa estrutura militar é deficiente, o sistema de monitoramento das fronteiras e da Amazônia não é robusto, e a política fiscal continua desequilibrada”, comentou.
Esse cenário fragiliza a capacidade do Brasil de reagir estrategicamente a eventos externos. Segundo Barros, o país precisa resolver seus próprios desequilíbrios — como o fiscal — para conseguir pensar em soluções estruturais e resistir melhor a choques globais como o atual.
Risco para o crescimento mundial
Por fim, analistas também veem com preocupação o impacto da guerra sobre o crescimento global. Com petróleo mais caro, a inflação tende a subir, e, como resposta, bancos centrais podem aumentar juros. Essa combinação reduz a atividade econômica e amplia o risco de recessão.
Sem um mediador internacional com força política, como ocorreu em conflitos passados durante a Guerra Fria, o cenário atual carece de um ator capaz de impor cessar-fogo. A China, principal compradora de petróleo iraniano, ainda não se posicionou de forma efetiva. Estados Unidos e Rússia, envolvidos em suas próprias agendas, não têm se mostrado capazes de mediar a crise.
A guerra entre Israel e Irã não é apenas um confronto regional — é uma ameaça real à economia global. O Brasil, mesmo longe do epicentro, já sente os efeitos no bolso e pode ver a inflação voltar a subir. A população, os mercados e os governos precisam estar atentos. O impacto já começou.
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