
A Petrobras deu um passo decisivo rumo à retomada de sua atuação no setor de fertilizantes. Em 23 de maio de 2025, a estatal anunciou a assinatura de um acordo com a Proquigel — subsidiária da Unigel — para retomar o controle operacional das Usinas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia (FAFEN-BA) e de Sergipe (FAFEN-SE). O pacto, ainda sujeito à homologação final pelo Tribunal Arbitral, representa o fim de um imbróglio jurídico que se arrastava por anos e sela o retorno estratégico da petroleira a um segmento vital para o agronegócio brasileiro.
Um passo estratégico em meio à transição energética
A retomada das usinas se alinha diretamente ao Plano Estratégico 2025-2029 da Petrobras, que visa agregar valor por meio da integração de atividades e contribuir com a segurança energética do país. A decisão também fortalece a participação da companhia em setores ligados à transição energética e à sustentabilidade da produção agrícola.
O foco principal é a produção de fertilizantes nitrogenados, como amônia e ureia, essenciais para o cultivo de grãos em larga escala, como soja, milho e trigo. A estratégia está em sintonia com os esforços do governo e do setor privado para reduzir a dependência de importações e ampliar a autossuficiência brasileira nesse insumo crítico.
Entenda o histórico: da concessão à disputa judicial
As usinas da FAFEN foram arrendadas à Proquigel em um movimento de desinvestimento da Petrobras nos anos anteriores. A estratégia de privatização visava aliviar os custos operacionais da estatal. No entanto, ao longo do contrato surgiram impasses jurídicos e operacionais, culminando na interrupção das atividades e em longos processos arbitrais.
O novo acordo, por sua vez, encerra esses conflitos e reabre caminho para a revitalização da infraestrutura industrial dessas unidades. A Petrobras também reafirma sua intenção de manter os altos padrões de governança ao licitar, por meio de processos públicos, os serviços de operação e manutenção das plantas.
O impacto econômico da reativação das FAFEN
A retomada operacional das unidades na Bahia e em Sergipe tem implicações que vão muito além da produção local. As FAFEN têm potencial para reduzir substancialmente a dependência de fertilizantes importados, especialmente em um momento de alta volatilidade no mercado global.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, o Brasil importa mais de 80% dos fertilizantes que consome. A reativação das plantas pode significar economia de bilhões de reais a médio prazo e maior resiliência da cadeia de abastecimento agrícola.
Além disso, a movimentação reforça a vocação do Nordeste como polo industrial do setor químico e energético, gerando empregos diretos e indiretos e fomentando o desenvolvimento regional.
Próximos passos: licitações e retorno gradual
A Petrobras planeja conduzir licitações públicas para selecionar empresas especializadas em operação e manutenção das plantas. A iniciativa garante compliance com suas diretrizes internas e assegura transparência e competitividade ao processo.
Ainda não há um cronograma fechado para o pleno funcionamento das unidades, mas fontes próximas à estatal indicam que a intenção é iniciar o processo de reativação ainda em 2025, com operações escalonadas ao longo de 2026.
Relevância para a soberania agrícola brasileira
Para um país que é um dos maiores exportadores de alimentos do planeta, como o Brasil, a capacidade de produzir internamente os insumos necessários à agricultura é uma questão de soberania. O avanço da Petrobras neste setor representa um alívio para produtores que enfrentam a imprevisibilidade dos preços internacionais e dos gargalos logísticos.
A medida também dialoga com a agenda de segurança alimentar e com os compromissos ambientais da companhia. A produção nacional de fertilizantes com menor pegada de carbono — utilizando o gás natural como insumo — pode ser um diferencial competitivo frente a outros players globais.
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