A Petrobras, a empresa petrolífera nacional do Brasil, confirmou que está explorando ativamente oportunidades no continente africano, com foco na Namíbia, Angola e África do Sul. Atualmente, a companhia aguarda a decisão da Galp sobre uma oferta para adquirir uma participação significativa no bloco offshore Mopane, na Namíbia. O comunicado foi feito durante um workshop patrocinado pela Namibia Energy Corporation (NEC), antes do início da conferência African Energy Week (AEW) 2024: Investing in African Energies.
A Petrobras é reconhecida mundialmente pelo seu sucesso na exploração e produção de reservas do pré-sal nas águas profundas da costa brasileira, áreas com características geológicas semelhantes às da região sul-africana. “À medida que aumentamos a produção, aumentamos a necessidade de reservas. O Brasil tem uma forte correlação com a África. Nos sentimos muito confortáveis em voltar para a África e estamos buscando oportunidades na África do Sul, Namíbia e Angola”, destacou Sylvia Maria Couto dos Anjos, Diretora Executiva de Exploração e Produção da Petrobras.
A expertise da empresa em geologia do pré-sal, especialmente sua habilidade em extrair hidrocarbonetos de reservatórios ultraprofundos sob espessas camadas de sal, a posiciona como uma forte concorrente para explorar áreas de fronteira no sul da África. Durante o workshop, foram ressaltadas as semelhanças geológicas entre Angola e Brasil, que já contam com histórico consolidado de desenvolvimento em águas profundas. “Angola e Brasil têm experiência no desenvolvimento de reservatórios de águas profundas”, afirmou Ricardo Van-Deste, CEO de Exploração e Produção da Sonangol. “É muito importante para nós trazer a Petrobras de volta para Angola. Eles foram embora, mas a porta continua aberta.”
A tecnologia de águas profundas da Petrobras, desenvolvida nas Bacias de Campos e Santos, pode ser um fator decisivo para destravar o potencial offshore da África do Sul, incluindo descobertas como Luiperd e Brulpadda da TotalEnergies. No início deste mês, a Petrobras anunciou a aprovação da aquisição de uma participação de 10% na Deep Water Orange Basin, localizada na costa oeste sul-africana. “Essas são operações desafiadoras. Com a experiência da Petrobras e as tecnologias que desenvolvemos ao longo do tempo, isso representa uma oportunidade valiosa para nós”, comentou Godfrey Moagi, CEO da South African National Petroleum Company (SANPC).
A Namíbia, por sua vez, desponta como um mercado de grande potencial, com descobertas de classe mundial e estimativas de 100 bilhões de barris de óleo equivalente em recursos não arriscados. A Deep Water Orange Basin sozinha responde por cerca de 30 bilhões de barris. “O potencial da Namíbia é incrível. Temos um compromisso a cumprir – garanto que os negócios serão concretizados”, afirmou o Dr. Márcio Rocha Mello, Fundador e CEO da Namibia Energy Corporation.
Outra área de cooperação mencionada foi o estabelecimento de um centro de excelência na Namíbia, destinado a aprimorar as capacidades técnicas e a análise de dados. “Um centro como esse na Namíbia nos permitiria replicar o sucesso da Orange Basin nas bacias de Walvis e Lüderitz”, explicou Maggy Shino, Comissária de Petróleo do Ministério de Minas e Energia da Namíbia. “Com um volume tão grande de oportunidades, precisamos de uma diversidade de participantes para aproveitar totalmente esse potencial.”
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